A Amazônia é pulsante, mágica, viva, um território que é construído por gente de diferentes culturas, etnias, sotaques, cores e histórias. E, foi nesse território que, há 20 anos, a Vaga Lume se instalou e se firmou como uma organização que promove o acesso à leitura para inúmeras comunidades, sejam elas ribeirinhas, extrativistas, indígenas ou quilombolas. Mas nada disso seria possível sem o apoio de uma rede de pessoas que acreditam no impacto de um livro e que, pelo desejo de transformar suas realidades, tornaram-se voluntárias e seguem, assim como um pescador no rio, remando para construir um mundo em que seja possível novas possibilidades e sonhos através das bibliotecas. 

A voluntária Letícia Canavieira, durante o II encontro virtual Vagalume, compartilhou conosco um pouco dessa experiência de ser voluntária, como você pode ler abaixo: 

“Sou Letícia Santos Canavieira, nasci no município de Barreirinhas, Estado do Maranhão. Me recordo que desde pequenina sempre fui encantada por livros e os considero meus grandes amigos. Nas férias escolares a família sempre ia para o interior e geralmente aos domingos eu fazia a leitura da bíblia na celebração da comunidade, meu avô ficava admirado daquela neta magrelinha lendo com tanta desenvoltura e, no final, ele falava para todos que eu era sua neta mais velha.

Como os anos meu amor pelos livros só cresceu e me fez trilhar os caminhos da educação, atualmente sou professora da rede municipal de ensino na cidade de Barreirinhas. Foi esta profissão que me deu o privilégio de conhecer a Vaga lume na comunidade Cantinho. Quem me apresentou foram as mediadoras Andreia e Simone. Foi amor à primeira vista, ou melhor dizer a primeira vista, primeira fala, sei lá fiquei escutando elas falarem e vendo os olhos brilharem a cada palavra dita sobre a Vaga Lume e como as crianças reagiam ao ter contato com os livros. Ao terminar aquela conversa quis conhecer o espaço da biblioteca. Era uma salinha bem arrumadinha e qual foi meu susto quando vi livros no chão (tapete)? Bem próximo deles 5 crianças folheavam livros com tanta alegria. Até hoje, quando lembro, me arrepio. No ano seguinte (2006) tive a oportunidade de fazer o curso de mediadores de leitura da Vaga lume e foi sem dúvidas uma das melhores experiências na minha  vida profissional.

A metodologia e a missão da Vaga lume me encantam e dão sentido ao meu voluntariado, gosto muito de fazer mediações para meus alunos e de acompanhar os trabalhos dos voluntários das dez comunidades que possuem a biblioteca comunitária. Faço parte da Equipe Local de multiplicadores e juntos buscamos acompanhar, animar, apoiar e valorizar todo o trabalho desenvolvido com tanto amor, empenho e zelo nessas dez comunidades. Desde o ano de 2006 acompanho os impactos positivos que a Vaga Lume tem promovido na vida das pessoas e desta forma transformado a vida de crianças e adolescentes dando a eles sonhos e abrindo caminhos para que sejam protagonistas de sua história. Viver tudo isso não tem dinheiro que pague. 

Mário Quintana disse certa vez: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” É com essa frase que finalizo essa mensagem afirmando a grandeza da presença da Vaga Lume nas nossas vidas e no território da Amazônia Brasileira. Sou muito feliz e grata em fazer parte dessa rede de voluntários da Vaga Lume. Seja a ponte entre uma pessoa e um livro.”