Começa o ano de 2021 e infelizmente o Amazonas continua em situação caótica, falta oxigênio, faltam leitos hospitalares, entre outras coisas essenciais para garantir a vida desse grupo social. Significa dizer que mais uma vez o norte do país é negligenciado. Pela aproximação que temos com a região Norte não é um equívoco afirmar que a situação começou no Amazonas, mas chegará à Roraima, ao Amapá, ao Pará e provavelmente aos demais estados que compõem a Amazônia legal brasileira.
Havia esperança de que seria um ano diferente do anterior, quando equilibramos o trabalho da Vaga Lume entre o apoio às comunidades da região, com o envio de EPI’s à nossa rede de voluntários, quase mil pessoas que vivem na região e que diariamente se dedicam a incentivar a leitura entre as crianças e os jovens.
Acreditamos que 2021 será um ano diferente, com perspectivas e acontecimentos positivos. O ano de 2020 trouxe desafios que já foram, em alguma medida, superados. Mais uma vez, ao longo dos 20 anos de atuação na Amazônia Legal brasileira, a Vaga Lume conseguiu escutar, acolher as diferenças regionais dos seus povos, e mesmo à distância, aprender, inovar e cumprir o seu programa.
Muito tem se falado das consequências da pandemia para o nosso futuro. A revista “The Economist” publicou uma análise de mais de 50 especialistas sobre o que está por vir para 2021. O artigo fala sobre sociabilização, mudanças climáticas, saúde mental, trabalho em
casa, saudabilidade, espiritualidade, a importância da natureza e obviamente fala da relação entre educação e tecnologia.
Se faz necessário mencionar que a Vaga Lume investe nas crianças e jovens da Amazônia a partir da promoção da leitura e da gestão de bibliotecas COMUNITÁRIAS, como espaços para compartilhar saberes. Como garantir educação, por meio da leitura, aos povos da região.
Para começar, escutar as pessoas do território e ter comunidades engajadas. Na sequência, um curso de formação de mediadores de leitura (presencial ou on-line) para jovens e adultos, onde eles são os protagonistas, e também um acervo de livros de qualidade, digitais e físicos. Isso tudo depende da internet, mas não é simples o acesso à internet de qualidade na região.
Nesse contexto, a vida em comunidade ganha um papel fundamental, finalmente reconhecido até nos grandes centros urbanos. Valor que os povos tradicionais sempre preservaram e ao qual deram a devida importância. Se, por um lado, a tecnologia permite e favorece a distância entre nós, por outro nos torna cada dia mais individualistas. E estamos tendo que aprender a conviver com essa situação para combater o afastamento físico entre as pessoas e fortalecer a nossa vida em comunidade.
Nessa perspectiva, o projeto educacional da Vaga Lume pode ser considerado inovador e até “futurista”, pois envolve leitura, literatura, novas tecnologias (aprendendo com a pandemia), mas principalmente fazendo ecoar as vozes e tecnologias dos povos da floresta e da vida em comunidade.
Redação: Lia Jamra e Márcia Licá
Revisão: Danila Guedes